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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Cortina de Fumaça


Open your mind. Essa frase, misteriosamente, me leu em algum outdoor por aí. Sim, eu não a li primeiro que ela. Recorrendo ao poder duvidoso da memória recente, não tenho tanta certeza se essa frase estava em um outdoor por aí. Pensando bem, aposto que li essa frase em algum perfil do Twitter, mas não tenho certeza de sua origem na minha vida. 

Será que li enquanto lutava contra o sono navegando pela www? (www é o mesmo que internet, net, mundo dos computadores) Será que li nas raras vezes em que caminhei por algum centro urbano e me deparei com essa frase estampado a sujeira de uma grande cidade com propagadas? Terá sido em uma música em que essa frase soou pelo meu corpo, foi captada, reproduzida e decifrada, e mudou a minha vida?

Tentei ao longo destes parágrafos, que não são longos, recorrer a minha memória pedindo um auxílio quanto à frase acima mencionada e que inicia esse meu último texto para a disciplina de Bases Anatomofisiológicas da Psicologia (recordo-me com louvor, e veja aí a ironia, do dia em que me sentei na frente do computador e comecei a tentar desenvolver de forma rude o meu primeiro texto semestral, não veja aqui a ironia: não me lembro se escrevi antes ou depois de mandar um vídeo e texto de Diogo Mainardi). Esses dados propositalmente apresentados são conhecidos por um número ímpar de pessoas. Propositalmente escrevo de maneira direta e direcionada não a um público, mas a uma pessoa. Escrevo para alguém que fez a frase do outdoor, da música, da página do Twitter: “open your mind” ser praticável, literalmente.

“Cortina de Fumaça” é transformador, esclarecedor e infinitamente perturbador. Não há como você não o assistir, e com um sopro que varre a dúvida, a cegueira e a ignorância, questionar-se sobre a validade e proficuidade deste discurso moral que apóia as práticas de proibição não só ao uso de drogas, mas a liberdade do sujeito. Esse controle totalitário exercido pelo Estado na vida de cada um de nós e suas práticas e determinações quanto às pessoas que fazem usa das drogas chamadas ilícitas.

Os dedos podres que apontam condenando os que fazem uso de tais substâncias negligenciam seu pessoal uso de substâncias de valor alucinógeno igual. Qual diferença tem entre os que usam as drogas químicas para entregar-se a sensações momentâneas de prazer e os que recorrem à religião para alcançar o mesmo resultado? E os que recorrem ao cigarro, ao café, aos remédios, as preces em línguas e ao álcool para desfrutar, por breves instantes, da liberdade de livrar-se dos grilhões que nos prendem a essa temporariedade mortal? Uma sociedade delirante, tabagista e alcoólatra não possui poder de condenar os usuários que fazem uso de outras drogas alternativas. A humanidade produz, produziu e produzirá drogas para transcender a seu estado primitivo e natural de fantasia e singularidade.

A discussão sobre o uso, controle e cuidado quanto ao uso de drogas ilícitas e seus usuários deve ser guiada pela sensatez encontrada naqueles que possuem uma leitura ampla, fincada não na moralidade embrionária dos púlpitos, altares, sacristias e bancadas, mas na verdade por trás de uma cortina de fumaça e mentiras.

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