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sábado, 3 de julho de 2010

O doce amargo

Acabou. A sexta-feira amanheceu alegre, como todos os dias em que o Brasil jogava. As pessoas todas confiantes no Brasil. A Copa do Mundo é mesmo um fenômeno no nosso país. Não vou falar sobre como foi o jogo, nem fazer análises táticas, criticar a convocação de Dunga ou dizer que ele é um mau ou bom treinador. Eu quero falar de sentimentos, porque de verdade, a maioria dos brasileiros não entendem de 1-4-4-2, 1-4-3-3, 1-3-5-2 nem os homens que se dizem os senhores do futebol por saberem o que é uma linha de impedimento, um pênalti e por terem força de conseguirem chutar uma bola no gol, muito menos as mulheres, que em alguns momentos não entendem o porquê de ficar vendo tantos homens correndo atraz de uma bola 90 minutos, quando assistem poucas entendem, prestigiam mais a beleza dos jogadores.

Futebol não é complicado é só fazer uma bola atravessar uma linha que é protegida por um goleiro. É só isso, não existe mais nada, quem fizer mais gols ganha. Então, por que as pessoas gostam tanto? Porque o futebol não perdoa, se você  errar é vilão, se acertar é heroi, e no mesmo jogo pode ir do Éden ao Hades.

Depois das duas punhaladas da Holanda, preces foram oferecidas aos céus pedindo que a qualquer momento um gol surgisse: o gol não veio, o Brasil não seguiria adiante: nossos fantasmas de 98 e 06 haviam voltado. A sexta-feira perdeu um pouco do brilho, tornou-se melancólica, não triste, as risadas se continham. Das pessoas que menos esperamos surgiram lágrimas, crianças, garotos, idosos, nossos pais, nossos amigos: do mais durão ao mais frágil. O silêncio era o da derrota, a tranquilidade era a privação da alegria. Nós havíamos sido vencidos.
Acabou. Mas isso não é verdade, não totalmente, nós sabemos, quando o Brasil voltar a jogar o desejo de ver a seleção vai começar de novo, existirão novas edições para a Copa do Mundo; pintaram as ruas, reuniram-se na frente da tevê, talvez com a narração de Galvão Bueno, riremos com nossos amigos, é bem capaz que façamos tudo de novo. É verdade que outras coisas bem mais tristes do que perder um Copa do Mundo aconteceram, veremo-nos em 2014, porém essa Copa teve imagens marcantes: não esqueceremos do choro que saiu e do grito que ficou preso.