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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Descascando cebolas

Homem que é Homem é Homem com H, e H maiúsculo. Sem meio lá, meio cá. Sem meio. Sem meio e sem medo. Medo? Coisa inferior. Coisa? Inferior? Homem que é Homem não se dá ao trabalho de compreender bem as coisas. E nem de escrever sobre se ele é homem mesmo ou não. E nem de escrever.
Homem, Homem é sempre ou quer sempre ser o macho-alfa, o dono da situação, o comandante, o chefe. Uma realidade permita-me, bem tribal. É tudo no “sim, senhor!”, “é pra já!” nada de um não, ou de um agora não. Não se pode desacatar e pelo bem da sociedade: palavra lançada é lei assinada.

Homem é bicho. Quando eu disse que não temos “meios” é a prova de como o nosso sexo é transcendente em relação a sentimentos. Em relação a quase tudo. A nossa mudança hormonal nos cobre com uma casca grossa, dura, impenetrável. A casca do preconceito. Somos, sim sem exceção, moralmente impuros e candidamente transparentes. Dentro do nosso desenvolvimento tribal alguns se mantêm firmes como concreto, como uma construção bem feita dos trabalhadores diplomados, e esse são os piores, os mais inteligentes, cuidado; outros param e levam as sementes sem um desenvolvimento inteligente, apenas a levam, e a exibem com uma autoridade decretada por sua Santidade Ninguém-Eu-Mesmo, e tornam seu próprio saber lei e sua dureza como cetro; essas duas subespécies prevaleceram na selva de dois animais e de tantos sentimentos devorados por um bicho faminto e insaciável. Partindo, ambos, para a caça. Caçando e mutilando o bicho menor, aquele animal que não falamos, não compreendemos, que sacia nossas necessidades instintivas, onde nós sepultamos o nosso gozo e nos alimentamos. Jazemos ali o nosso frêmito. Essa é a raça que fora indefesa, que era torturada sem anteparo, sem cuidados. A lei não é só da selva, é da vida: caça e caçador. A dominação do mais forte. E nesse meio, existe a exploração de interesses.

A futilidade é um acompanhante acessível e duradouro da raça Homem. Não que os feitos sejam desprezados, mas muito se perdeu com um comportamento mesquinho, estéril e prepotente. Fecundado com a justificativa imensurável da superioridade em comportamentos, sentimentos e obrigações.

Somos o que somos por culpa de vocês também, Cabrochas, Melenas, Helenas. Evidentemente, isso não retira a nossa culpa nem alivia os nossos erros. Mas o Homem desliza como homem: a culpabilidade gira em torno de todos, dos que se criaram, de quem os criou e de que se omitiu.

Naturalmente, ou melhor, evolutivamente as coisas caminham. É lento o passo, porém é existente. Um processo corre e extingue a única raça que os verdes e os prudentes não sentirão falta.